Sobre "O Exterminador do Futuro: A Salvação"

Esqueça as viagens no tempo e as tentativas de evitar o Dia do Julgamento, pois agora a guerra já assolou o planeta.
O Exterminador do Futuro: A Salvação (Terminator Salvation), o quarto filme da saga, chega num clima bem diferente dos anteriores. O ano é 2018, e a Skynet já exterminou a civilização humana. Os poucos restantes ou vivem escondidos ou se unem à Resistência, cujo um dos membros é John Connor (Christian Bale), a pessoa no mundo que mais sabe sobre as máquinas que o dominam, afinal ele está em guerra com elas mesmo antes de nascer.
John sempre soube que iria liderar a Resistência no futuro, acabando por derrotar a Skynet. Embora nunca tenha aceitado seu futuro inteiramente, agora enfrenta outro problema, pois parece que a linha temporal está mudada, já que ele não é o líder e a Skynet continua poderosa, criando novos Exterminadores.
Entra Marcus Wright (Sam Worthington), um homem que não sabe nada do que aconteceu nos últimos quinze anos. Sua última lembrança é de estar preso no corredor da morte, às vésperas de sua execução. O surgimento de Marcus e descobertas sobre as máquinas criam uma situação nova para a Resistência: ao mesmo tempo em que o perigo aumenta, um caminho para a vitória parece se formar.
O diretor McG é um nome que causa dúvida em Hollywood. Foi ele o responsável pelo divertidíssimo primeiro filme das Panteras, mas também foi ele quem dirigiu a deficiente continuação. Na tevê conquistou uma boa fama como produtor, mas nos cinemas ainda falta muito para ser respeitado. E provavelmente não será desta vez que conseguirá isso.
Este quarto capítulo da saga de John Connor é formado por contradições. A todo tempo, John conclui que o futuro mudou, o que se tornou totalmente óbvio no terceiro filme da série. Contudo, os acontecimentos seguem vários passos do que já sabíamos que iria acontecer graças às viagens do tempo mostradas anteriormente.
Desde 1984 os fãs esperam pelo momento de ver Connor como o líder da Resistência. Com a ausência de Arnold Schwarzenegger no papel do Exterminador, e a escalação de um nome de peso para o papel de John Connor, somada à forte divulgação em cima de sua figura, era de se esperar que ele recebesse toda a atenção no filme, mas não é o que acontece. Marcus Wright é o verdadeiro personagem principal, fazendo até um bom trabalho na posição, mas decepcionando muito quem (praticamente todos) viu qualquer trailer ou divulgação.
Até mesmo o jovem Kyle Reese (Anton Yelchin), o futuro pai de John, rouba a cena em vários momentos. John só começa a ter real destaque quase no final do filme, que é justamente a parte mais fraca da produção. Há meses o final originalmente planejado vazou na internet, e por isso um novo final foi criado. O problema? Tudo parece seguir para o final original, como se nada fosse ser mudado, para, de repente, o novo final surgir com pouco sentido e sendo incrivelmente anticlimático.
Mais apagada do que John na trama, somente sua esposa Kate (Bryce Dallas Howard). Longe do gênio difícil apresentado no filme anterior e também de sua herança militar, a personagem parece mais uma enfermeira de luxo (é de fato uma médica, mas não convence em nada neste papel), com poucas falas e nenhuma importância.
Um dos defeitos mais impressionantes do filme é justamente o elenco. Bryce Dallas Howard, Christian Bale e Helena Bonham Carter (que tem uma participação ínfima) são todos ótimos atores, que têm seus talentos desperdiçados em cenas que não expressam emoção alguma. É justamente Worthington, um dos nomes menos conhecidos, quem se sobressai, ainda que tenha também cenas fracas.
Fãs antigos que ouviram falar sobre pontas de Linda Hamilton (que viveu antes Sarah Connor, a mãe de John) e Arnold Schwarzenegger não devem esperar nada grandioso, mas ambas as pontas existem de maneira bem fiel à cronologia dos filmes, e sem precisarem se tornar o centro das atenções.
Quem esperava ver uma guerra em larga escala num mundo pós-apocalíptico com certeza se decepcionará. O filme tem sim boas cenas de ação, mas nada extraordinário como era de se esperar, tendo um grande problema com o ritmo dos acontecimentos. Verdade seja dita, desde o primeiro filme é difícil engolir que um grupo de rebeldes com pouco equipamento seria páreo para a Skynet e seu exército de máquinas de última geração.
Em última análise, por melhores que os dois primeiros filmes fossem, sempre evitaram entrar nos detalhes de como a Resistência humana consegue combater a Skynet, não explicando nem como os humanos podem estar vivendo num mundo onde as máquinas podem lhes rastrear e exterminar facilmente, em terrenos que deveriam estar contaminados pela radiação das bombas soltas pela Skynet.
Por mais que se esforce, O Exterminador do Futuro: A Salvação consegue ser no máximo um “bom filme”, que diverte, vale a pena por amarrar bem muitas situações da saga (até mesmo cobrindo furos do terceiro filme) e apresentar alguns interessantes novos conceitos, mas que falha em fazer jus ao nome da franquia. O final claramente mudado às pressas não ajudou em nada.
A ideia original era de fazer uma nova trilogia de filmes, botando um ponto final na história. Logo no início das gravações, o discurso do estúdio e realizadores mudou, com McG agora dizendo que “gostaria de fazer uma continuação”, revelando até algumas ideias. Se forem mesmo prosseguir, o melhor seria que botassem os novos projetos aos cuidados de mãos mais competentes.
fonte: HQ Maniacs
 

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