Fone de ouvido! Pra que?

Fico impressionado com a falta de educação das pessoas hoje em dia em relação ao espaço comum. O melhor exemplo que eu posso dar referente a esse assunto são aquelas pessoas que, no trem, no metrô ou no ônibus e até mesmo na rua, ficam ouvindo seus celulares multifuncionais ou seus MP alguma coisa num volume desnecessariamente alto, uma vez que inventaram os fones de ouvido antes mesmo desses aparelhos.
Entendo que é legal ter um aparelho assim ou assado, pois se eu disser o contrário eu estarei sendo hipócrita. Mas vejam bem, não tem nada mais desagradável que, depois de um dia de serviço, ou até mesmo indo para o mesmo, você entra no ônibus, se senta, encosta a cabeça na janela a fim de cochilar um pouco e de repente um indivíduo “muito bem educado” liga o celular, por exemplo, e fica ouvindo suas musicas como se não tivesse incomodando ninguém, como se todos dentro do ônibus quisessem ouvir musica naquela hora e naquele lugar.
Só para vocês terem uma idéia, eu já vi gente com um DVD portátil, esses com telinha de LCD, assistindo show de forró dentro do ônibus e isso não é nada, já presenciei até mesmo pessoas assistindo filme pornô num notebook dentro do fretado que eu utilizava para ir à faculdade. Na real, é muita falta de respeito com os demais. Outro evento que presenciei, foi no metrô, duas garotas entraram no mesmo vagam que eu e minha namorada, elas sentaram-se e ligaram o celular para ouvir uma “musica modinha” e pra variar para todos no vagão ouvirem também. Uma estação depois entrou um garoto e se sentou próximo as amiguinhas mal-educadas, obviamente ele percebeu o som alto e ligou o seu celular ultra-mega-super-inter-master-high-tec para escutar um pagodinho bem escroto, tipo esses que tocam aos montes nas rádios atualmente!
Percebi que o garoto não começou a ouvir suas musicas para diminuir o tempo da viagem, mas sim para competir com a altura do som do aparelho das meninas, pois quando elas aumentavam o volume ele aumentava também. Ficou mais do que óbvio que ele queria se mostrar, mas as garotas desembarcaram em uma determinada estação e assim que elas saíram ele desligou o celular. Só tenho uma palavra pra isso: RIDÍCULO! Nesse meio tempo, eu fiquei torcendo pra entrar um ladrão no vagão do metrô e levar o celular do rapaz ou o aparelho das duas fulaninhas.
Ridículo mesmo, essa é a palavra para atitude dele e dessas garotas, ambos não têm educação, não possuem o menor senso de respeito para com o próximo. E percebo que, esse tipo de caráter é muito comum entre os jovens (e alguns adultos), que cada vez mais querem se aparecer sem ter nada relevante para mostrar. Então por falta de conteúdo e sobra de futilidade, esses “aborrescentes” tomam para si atitudes que implicam na boa convivência.
Quero deixar claro que, o problema não é a musica em si, mas sim a falta de bom-senso dessas pessoas e de muitas outras. Pois o espaço comum, como o ônibus, o trem e o metrô, são de todos e obviamente esse tipo de atitude agride o bem-estar dos demais. Se a pessoa quer ouvir música, beleza, mas coloca um fone de ouvido, foi exatamente pra isso que ele foi inventado. É tão simples!
Outro fato bem comum atualmente são esses aparelhos dentro das salas de aula. Eu custo a crer que foi necessária a concretização de uma lei que proíbe esses utensílios dentro do âmbito escolar sendo que, é obvio que esses atrapalham seriamente o rendimento do ensino e da aprendizagem. Está aí mais um exemplo de falta de bom-senso e de falta de respeito que os jovens tanto se orgulham em cultuar.
O que eu não entendo e que se o professor toma o aparelho de tanta indignação por conta desse descaso, ele está errado. Mas onde o professor pode estar errado se os alunos sabem que dentro da sala de aula não é lugar para se usar esses aparelhos? Acho que o pior, para o docente, é quando o pai do aluno que teve seu “brinquedinho” tomado vem reclamar como se o filho tivesse alguma razão. Penso que não era preciso uma lei de proibição, porque é questão de educação e de bom-senso, não de legalidade. O fato é que se o pai do aluno vem reclamar ao professor, já dá para perceber que essas duas noções de convivência não são virtudes da família.
Pode parecer que não tenha ligação, mas nós vivemos em uma sociedade em que é mais importante “ter” do que “ser”. Ou seja, é mais importante ter um celular ultra-mega-super-inter-master-high-tec e se exibir com ele em lugares inapropriados do que ser uma pessoa de bons princípios. Mas também entendo que o consumismo faz isso com as pessoas, inverte os valores tornando-as, no mínimo, mesquinhas, egoístas, mal-educadas, fúteis, volúveis, burras, insensíveis, materialistas e sem conteúdo a oferecer.
Fico triste com isso, em especial quando ouço pessoas dizendo “Ai, eu amo meu celular, não sei viver sem ele!”, não há nada mais deprimente em ver que o ser humano está tão dependente de coisas tão triviais. Por um lado seria até bom se fosse mesmo verdade, pois quando essas pessoas tivessem, por exemplo, seus celulares roubados seriam menos alguns pesos mortos no mundo.
Desculpem o exagero, é brincadeira. Pois muito antes que isso venha acontecer, eu espero que as pessoas entendam que o respeito de um indivíduo começa onde o do outro termina. Eu entendo que é complicado coexistir com as pessoas nos dias de hoje, mas é justamente agora que o mundo precisa de pequenas atitudes de nobreza, que no fim vão fazer toda a diferença. Uma vez que somos responsáveis pela vida que levamos cabe a nós mesmos compreender que comportamento gera comportamento, ou seja, não dá para viver em paz se ninguém se propuser a mudar, sem se preocupar se o próximo fará o mesmo ou não.

“...Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a genteA gente muda o mundo na mudança da mente......Na mudança de postura a gente fica mais seguroNa mudança do presente a gente molda o futuro...”

Até quando - Gabriel, o pensador.
 

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